Ao término do Camporee 2024, do Distrito Rio Grande, da Região Escoteira de Minas Gerais, que ocorreu nos dias 26 e 27 de outubro de 2024, o 162º GE/MG União (Três Corações-MG) e 47º GE/MG Raios de Sol (Varginha) retornavam para as suas cidades, em um mesmo ônibus fretado, que saiu da zona rural do município de Guapé-MG, onde a atividade escoteira transcorreu.
Por volta das 16:00 horas, do dia 27 de outubro de 2024, à altura do Km 443 + 950 m, da BR 265, próximo à cidade de Boa Esperança-MG, os escotistas Marcus Fabiano Cota e José Sebastião da Silva avistaram um acidente automobilístico ocorrido a menos de um minuto, sendo o ônibus que transportava os membros do Movimento Escoteiro o primeiro a chegar ao local.
Imediatamente após avistarem a situação, os escotistas José Sebastião da Silva, Marcus Fabiano Cota e Gérson Nascimento de Oliveira, ambos do 162º GE/MG União, desembarcaram do ônibus e seguiram para o socorro às vítimas. Solicitaram, ainda, a um motorista que passava pelo local, que se dirigisse a um ponto com sinal de celular e acionasse o socorro médico.
Enquanto isso, os escotistas Nicholas Antônio Ferreira Benetoli e Waldirene Aparecida Maus Cardoso, ambos do 47º GE/MG Raios de Sol, realizaram a sinalização de advertência para que os demais veículos que vinham nos dois sentidos da estrada reduzissem as suas velocidades e interrompessem o tráfego, evitando outros desdobramentos que pudessem agravar o acidente, enquanto a escotista Luana Silva de Sá, também do 47º GE/MG, permaneceu embarcada no ônibus acalmando e controlando os jovens dos dois Grupos Escoteiros que estavam a bordo do coletivo.
Ao mesmo tempo, as escotistas Débora Ester Silva Cândida e Lívia Helena de Castro Cavalcante, respectivamente do 162º GE/MG União e 47º GE/MG Raios de Sol, posicionaram-se junto aos escotistas José Sebastião, Marcus e Gérson, para auxílio aos mesmos.
Após os escotistas José Sebastião, Marcus e Gérson removerem parte dos obstáculos que dificultavam a remoção das vítimas encarceradas, o escotista Marcus conseguiu retirar uma criança pequena das ferragens, machucada, mas com vida, entregando-a aos cuidados da escotista Débora que a levou para um local seguro, do outro lado da pista.
Prosseguiram no trabalho de afastamento de outros objetos e, com isso, foi possível que o escotista José Sebastião retirasse a mãe das crianças de dentro do veículo, também com vida, tendo lesões decorrentes de cortes. Com a retirada dessas duas primeiras vítimas do interior do automóvel, observaram que uma senhora que estava no banco do carona, presa pelo cinto de segurança e parte do painel do carro, estava inconsciente e gravemente ferida. O escotista José Sebastião, valendo-se de um canivete, cortou o cinto de segurança e, com a ajuda do escotista Gérson, retiraram a senhora dos destroços. O escotista Marcus arrancou o assento do banco traseiro e improvisaram uma maca para a evacuação da senhora (terceira vítima) para o acostamento do lado oposto da via, onde as escotistas Débora e Lívia atendiam as vítimas, valendo-se de duas bolsas de primeiros socorros que estavam no bagageiro do ônibus e que haviam sido levadas para a atividade escoteira (Camporee).
Os escotistas Marcus e José Sebastião conseguiram ter acesso parcial ao interior do carro, onde a quarta vítima, uma adolescente, estava com o pé direito preso embaixo do banco do condutor. O banco ficou deformado com a violência do choque e, combinado com o amassamento da estrutura, prendeu o pé da vítima, que estava de cabeça para baixo, apresentando quadro de lesão grave na pelve e fêmur, além de verbalizar sentir muita dor.
Os escotistas identificaram que estava ocorrendo o vazamento de gasolina dentro do carro, pois o reservatório de combustível fica posicionado embaixo do banco traseiro do veículo e, como o mesmo se encontrava virado devido ao capotamento, a força da gravidade fez com que o líquido inflamável escoasse pela tampa de acesso à bomba de combustível, havendo a necessidade de retirada imediata da jovem de dentro do veículo, sem aguardar a chegada do resgate profissional, pois havia o risco iminente e maior com o vazamento do líquido inflamável.
O escotista Marcus posicionou seu corpo embaixo do corpo da adolescente presa às ferragens, aliviando a pressão sobre a região ferida, enquanto o escotista Sebastião realizava manobras para desprender o pé da jovem. O fluxo de combustível derramado dentro do veículo se intensificou, dificultando o trabalho de desprendimento da vítima, aumentando o risco e prejudicando a respiração de todos. O escotista José Sebastião persistiu com as manobras até conseguir desprender o pé da vítima. Com cuidado, os escotistas removeram a quarta vítima de dentro da estrutura, também com vida, bastante lesionada e em grave estado de choque, imobilizando-a e conduzindo-a ao acostamento contrário, onde o escotista José Sebastião usou algumas talas (que estavam na bolsa de primeiros socorros) para reforçar a imobilização da perna da jovem, até a chegada do socorro especializado.
Encerrada essa primeira etapa do resgate, o escotista Gérson se ocupou de atender e acolher as vítimas do terceiro veículo, que saiu da pista e colidiu contra um barranco. A bordo estavam dois adultos (casal) e duas crianças que não sofreram ferimentos, apenas apresentando sinais de alteração emocional (confusão e estado de choque), posteriormente encaminhados ao hospital mais próximo.
Identificando a condição menos crítica desses envolvidos, o escotista Gérson se ocupou de dar assistência à senhora que estava a bordo do primeiro veículo, em estado de choque, removendo-a do local e amparando-a até que um outro cidadão pudesse assumir essa função.
Enquanto os escotistas José Sebastião, Débora e Lívia realizavam os primeiros socorros no acostamento, o escotista Marcus acionou um motorista que chegou ao local (oferecendo-se para ajudar) e solicitou que ele conduzisse a mãe das crianças e a criança pequena ao hospital mais próximo, pois seus ferimentos eram menos graves e poderiam seguir transportadas em veículo comum, sem necessidade de aguardar pelo resgate profissional.
Consumada a remoção das vítimas para duas áreas seguras no acostamento, os escotistas Nicholas, Waldirene e Marcus liberaram um lado da pista, controlando o tráfego em sistema de pare e siga, o que permitiu o escoamento do engarrafamento que se formou e permitiu a chegada da primeira equipe de socorro do Corpo de Bombeiros, mais de 20 minutos após o início dos trabalhos de primeiros socorros dos escotistas, posteriormente apoiada por mais duas equipes do SAMU.
Com a chegada das equipes de socorro especializadas, os escotistas transmitiram as informações sobre o estado das vítimas, a dinâmica do acidente, as providências adotadas quanto ao encaminhamento de outras vítimas menos graves ao hospital mais próximo, a existência de vazamento de combustível em um dos veículos acidentados e o número de óbitos.
No transcurso de toda a operação, os jovens dos Ramos Escoteiro e Sênior dos Grupos Escoteiros indicados permaneceram em segurança dentro do ônibus e não foram empregados no resgate, sendo acompanhados e acalmados pela escotista Luana.
Depois que todas as vítimas com vida foram evacuadas pelas ambulâncias, os escotistas foram liberados pelos Bombeiros, embarcaram no ônibus e prosseguiram a viagem de retorno.
A Região Escoteira de Minas Gerais se solidariza com a dor e o sofrimento das famílias envolvidas, e enaltecem a ação rápida e eficaz dos escotistas acima mencionados, que através de atitudes simples e diretas, evitaram que o número de fatalidades fosse elevado. A eles, o nosso Grato, Grato, Gratíssimo, pela bravura e eficiência, perante a adversidade que tão gloriosamente contornaram!