Juiz de Fora - Após meses de trabalho, estudos e empenho da Equipe Regional de Imagem e Comunicação (ERIC), além de consultas à Direção Nacional através da Coordenação Nacional de Comunicação, a Região Escoteira de Minas Gerais lança a sua nova Identidade Visual. O material foi elogiado pelo coordenador nacional de Comunicação, Rodrigo Ramos, que enfatizou que em 15 anos como profissional de Comunicação raramente viu um trabalho tão acertado em relação ao briefing proposto. Em comunicação por escrito, datada de 06/02/2018, Rodrigo lembra que não há normativa que proíba o uso de identidade própria, desde que vinculada aos Escoteiros do Brasil, salientando, entretanto, que uma nova regulamentação sobre marcas regionais será encaminhada à DEN e ao CAN ainda neste semestre. O coordenador nacional enfatiza que faz parte do Planejamento Estratégico nacional a atualização do MIV (Manual de Identidade Visual) que não fará mudanças na marca oficial dos Escoteiros do Brasil, mas sim proporá ajuste no uso, acreditando que ao término deste trabalho teremos uma marca mais flexível e que atenda melhor as nossas necessidades, principalmente das Regiões Escoteiras.
A MARCA
A Região Escoteira de Minas Gerais vem há tempos buscando uma identidade visual que padronize suas postagens junto às mídias sociais, material de consumo, dentre outros usos, o que nos leva a uma maior proximidade e identificação com nossos associados. O grande Guimarães Rosa já no falava sobre a “mineiridade”, afirmando que o mineiro traz mais individualidade que personalidade. Segue ainda o grande escritor falando da mineiridade: (...) Gregário, mas necessitando de seu tanto de solidão, e de uma área de surdina, nos contatos verdadeiramente importantes. Desconhece castas. Não tolera tiranias, sabe deslizar para fora delas. Se precisar, briga. Mas, como ouviu e não entendeu a pitonisa, teme as vitórias de Pirro. Tem a memória longa. Não tem audácias visíveis. Ele escorrega para cima. Só quer o essencial, não as cascas. Sempre frequentado pelo enigma, pica o enigma em pedacinhos, como quando pica seu fumo de rolo, e faz contabilidade da metafísica; gente muito apta ao reino-do-céu. Não acredita que coisa alguma se resolva por um gesto ou um ato, mas aprendeu que as coisas voltam, que a vida dá muitas voltas, que tudo pode tornar a voltar. Até sem saber que o faz, o mineiro está sempre pegando com Deus. Principalmente, isto: o mineiro não usurpa. (...) Disse que o mineiro não crê demasiado na ação objetiva; mas, com isso, não se anula. Só que mineiro não se move de graça. Ele permanece e conserva. Ele espia, indaga, protela ou palia, se sopita, tolera, remancheia, perrengueia, sorri, escapole, se retarda, faz véspera, tempera, cala a boca, matuta, destorce, engambela, pauteia, se prepara. Mas, sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz.*
A proposta da nova ID nos remete ao Barroco, com a Flor de Lis estilizada em arabesco, estilo este exaltado por Lúcio Costa neste temos: “(...) padrões eruditos, criam, muitas vezes, relações plásticas novas e imprevistas, cheias de espontaneidade e de espírito de invenção, o que eventualmente as coloca em plano artisticamente superior ao das obras muito bem comportadas, dentro das regras do estilo e do bom gosto (...)”. Mais mineiro do que o Barroco, somente suas montanhas e pão de queijo... talvez nem isto.
A ideia não é desvincular a identidade da Região de Minas Gerais daquela dos Escoteiros do Brasil. Longe disto. Na verdade pretendemos dizer que aqui em Minas tem Escoteiros... do Brasil. As publicações serão sempre identificadas com o logo oficial dos Escoteiros do Brasil, dentro das normas do MIV, juntamente com a ID da RMG. Quem assina a nova ID da Região Escoteira de Minas Gerais é a escotista, arquiteta e designer Anne Elly Fonseca.
* excerto do texto de João Guimarães Rosa publicado na revista “O Cruzeiro”, em 25 de agosto de 1957.